Candidato ou cabo eleitoral?
Estamos novamente num ano eleitoral e, conseqüentemente, diante da escolha de candidatos a presidente, governador, senadores, deputados federais e estaduais.
O Grupo Evangélico de Ação Política (Geap) tem procurado conscientizar lideranças e feito sempre a colocação de que devemos sentar à mesa e ver o que é mais conveniente em termos de candidaturas. Inclusive, para seguir a orientação bíblica que diz “com os que se aconselham se acha a sabedoria” (Pv 13.10b).
Temos conseguido alguns avanços, mas ainda temos um grande desafio pela frente, ou seja, convencer as pessoas a não agirem por conta, isoladamente, pois isso gera muitas candidaturas, em muitos partidos e o que é pior: atende-se o convite dos líderes políticos da nossa cidade, em vez de conversarmos entre nós para ver o que é o melhor, e o caminho pelo qual podemos obter êxito.
O nocivo é que esses ‘convites’ geralmente são para que a pessoa seja ‘cabo eleitoral’ e não ‘candidato’. Tem como objetivo também de dividir os votos dos evangélicos.
Portanto, o que acontece é que a pessoa que aceita o ‘convite’ provavelmente sentindo-se muito lisonjeada, pensando até em ser eleita, mas no fim acaba dando apenas coeficiente eleitoral para outros, dividindo os votos, servindo de cabo eleitoral.
Solicitamos até aos pastores para que orientem seus membros para que aceitem ser candidatos apenas após uma ampla discussão, verificando qual é o melhor caminho para alcançar êxito.
Outro fato que acontece quando temos muitos candidatos evangélicos e espalhados em muitos partidos, nós corremos o risco de ‘votar’ nesses candidatos, mas ‘eleger’ outros. Provavelmente, isso já aconteceu com você que está lendo este artigo. E nós sempre somos estimulados em votar em evangélicos (que fazem ‘jus’ ao nome) o que, preferencialmente, devemos fazer, só que com o cuidado, repito, para não ‘votar’ em um evangélico e ‘eleger’ outro (dando coeficiente eleitoral) que não tem nada a ver com os valores do cristianismo.
Mas eu não quero desanimar o eleitor e a eleitora, pois existem candidatos com reais chances de se elegerem. Só gostaria que fôssemos criterio-sos, desde o lançamento das candidaturas, até na escolha, pois se não fizermos isto, não alcançaremos êxito e isto, certamente, ninguém quer.
E já que estamos falando em eleições, um dos objetivos do Geap é se empenhar no sentido em que haja em nossas instituições teológicas, matéria, na grade curricular, que trate de política. Para isso, solicitamos aos dirigentes das instituições, que estudem, com carinho, essa questão.
Também gostaria que os eleitores e eleitoras lessem e assistissem o máximo possível da propaganda eleitoral, para terem subsídios para uma boa escolha. Ouvimos muitas pessoas dizerem que não gostam de política. Para esses cito o ditado popular que diz: “Quem não gosta de política, será governado por quem gosta”.
A política também é algo divino, pois foi instituída por Deus. E mais uma justificativa de que a política é benéfica é o fato que dela advém os governantes, sem os quais a vida em sociedade não seria possível. Por outro lado, também somos todos políticos, por isso devemos exercer bem a cidadania e ser bons políticos, isto é, interessados no bem-estar da sociedade.
E para fortalecer a ideia de que devemos ver a política com bons olhos, cito Calvino, que disse o seguinte: “Não se deve pôr em dúvida que o poder civil é uma vocação, não somente santa e legítima diante de Deus, mas também mui sacrossanta e honrosa entre todas as vocações.”
Esperamos, caro leitor, ter sido úteis com este artigo e que você possa escolher bem nestas eleições e que no futuro, possamos estar mais organizados em menos partidos e que os pretendentes a cargos públicos tenham sempre em mente o bem-estar comum.
Pr. Carlos Trapp, presidente do Grupo Evangélico de Ação Política – Geap
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