Não gosto de política!

Com certa frequência ouço essa expressão manifestando gosto contrário à política.
Aristóteles já dizia que “A partir da tendência natural do homem para a vida em comunidade, ele afirmava que o homem é um animal político porque possui em si uma inclinação natural para a vida em comunidade, ou seja, essa animalidade política é natural a ele, pertence a sua natureza”.
Quer dizer, faz parte da nossa natureza, pois pensamos, tomamos decisões, necessitamos de uma sociedade organizada, onde há leis, regras, que regulamentam a vida em sociedade.
Aliás, falando em vida em sociedade, é preciso concordar que a vida em sociedade não é possível sem governo.
Vendo isso de forma mais detalhada é preciso reconhecer que precisamos de estradas para transitar, regras de trânsito para saber quais são nossos direitos e deveres.
Precisamos pagar impostos para que o poder público possa construir escolas, hospitais, postos de saúde, delegacias de polícia, outros prédios públicos para os diversos setores de atuação dos que nos governam e disciplinam a vida em sociedade.
Sendo assim, nada mais justo que a gente goste de política e participe da sua construção, principalmente através das eleições.
Falando em eleições, no ano que vem, se Deus quiser, vamos ter eleições para prefeito e vereadores. Já pensou em ser candidato ou quem votar?
Agora, gostar de política não é apenas se preocupar com as eleições, mas com a qualidade do ensino, da segurança pública, da adequada aplicação dos recursos públicos, na contagem adequada dos votos, na justiça dos Tribunais, na imparcialidade da imprensa, no salário mínimo, nas leis trabalhistas, e assim por diante.
No campo político nos devemos nos preocupar até quem chega aos Conselhos Tutelares, pois precisam ser pessoas com posturas adequadas, caso contrário, em vez de ajudar nossas crianças e adolescentes, eles as envenenam.
Como o assunto é o gosto quanto à política, fico chateado com o fato de haver pessoas que não querem discutir problemas da sociedade em grupos de WhatsApp.
Com essa postura até lembro da parábola do bom samaritano, onde pessoas viram uma pessoa necessitada e não se importaram com ela, demonstrando falta de amor.
Se alguém não quer discutir política, será que ama o próximo como a si mesmo, está preocupado com o seu bem-estar?
Tenho publicado, repetidas vezes, um pequeno texto sobre o uso adequado do WhatsApp, destacando que é uma ferramenta muito útil de edificação mútua e de discussão de variados assuntos que podem trazer benefícios à sociedade.
Até a Bíblia diz que “quem crer em mim, rios de água viva fluirão do seu interior” (Jo 7.38). Isso significa que o crente não será alguém improdutivo, estéril, indiferente, mas produzirá bons frutos em benefício de muitos.
Ainda me reportanto à Bíblia, lembro que Deus demonstra preocupação política, de um modo específico, num texto registrado em Deuteronômio 17.14-20, que até transcrevo aqui para nossa meditação:
14 “Se, quando entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês, tiverem tomado posse dela, e nela tiverem se estabelecido, vocês disserem: ‘Queremos um rei que nos governe, como têm todas as nações vizinhas’,
15 tenham o cuidado de nomear o rei que o Senhor, o seu Deus, escolher. Ele deve vir dentre os seus próprios irmãos israelitas. Não coloquem um estrangeiro como rei, alguém que não seja israelita.
16 Esse rei, porém, não deverá adquirir muitos cavalos, nem fazer o povo voltar ao Egito para conseguir mais cavalos, pois o Senhor disse a vocês: ‘Jamais voltem por este caminho’.
17 Ele não deverá tomar para si muitas mulheres; se o fizer, desviará o seu coração. Também não deverá acumular muita prata e muito ouro.
18 “Quando subir ao trono do seu reino, mandará fazer num rolo, para o seu uso pessoal, uma cópia da lei que está aos cuidados dos sacerdotes levitas.
19 Trará sempre essa cópia consigo e terá que lê-la todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o Senhor, o seu Deus, e a cumprir fielmente todas as palavras desta lei, e todos estes decretos.
20 Isso fará que ele não se considere superior aos seus irmãos israelitas e que não se desvie da lei, nem para a direita, nem para a esquerda. Assim prolongará o seu reinado sobre Israel, bem como o dos seus descendentes”.
Como podemos ver, no texto citado, que Deus está preocupado com o povo de Israel, quanto ao futuro, quando entrassem na terra de Canaã.
Deus estava preocupado em quem iria governar o povo e como se deveria portar.
Surgem diversos questionamentos: Nós nos preocupamos com os candidatos? É alguém identificado como um dos nossos? Tem uma condutar ilibada? Ou nem estamos preocupados com quem vai ocupar nossos Legislativos e Executivos?
Outra coisa que devemos lembrar, é o seguinte: Se há problemas no governo, será que não é culpa nossa, causada pelo nosso desinteresse?
Alguém já disse que “Quem não gosta de política, será governado por quem gosta”.
Lembro que gostar de política é estar interessado pelo bem-estar da sociedade, é ter seu título eleitor em dia, interessado no noticiário, em conhecer prováveis candidatos para as próximas eleições, não se omitir, não tendo receio em tomar posição, mas deixar que “rios de água viva fluam do nosso interior”, conforme diz o texto já citado.
Então, vamos ser bons cidadãos, bons crentes e gostar de política, pois faz parte da nossa natureza!

Pr. Carlos Trapp