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20 de agosto de 2017 / carlostrapp

Igrejas cheias de pessoas vazias

Estamos vivendo um grande avivamento no Brasil? Tenho minhas dúvidas quanto a isto. Quanto mais observamos as igrejas em nosso país, a impressão que tenho é que as nossas reuniões cristãs mais se parecem com rituais tribalistas do que com um culto prestado ao nosso Deus.
O que os triunfalistas gospel chamam de avivamento, eu chamaria de algazarra travestida de espiritualidade. Creio em avivamentos. Entretanto, em avivamentos que produzam quebrantamento espiritual, arrependimento de pecados, amor pela Palavra de Deus e mudança de atitude na vida do cristão a tal ponto desta renovação espiritual ser transportada para a sociedade vigente.
Infelizmente, o que tem acontecido em nossos ajuntamentos é que temos muitos barulhos através de louvores com letras pobres de poesia, harmonia e até heréticas em sua teologia. Tais canções não revelam a beleza do evangelho e muito menos glorificam a Deus. Já que o propósito destas músicas são antropocêntricas e não cristocêntricas, elas não têm compromisso com Deus, e sim, com o homem, então vemos e ouvimos um festival de bobagens nas “ministrações” através dos “levitas” do Senhor. Levitas? Esta expressão é apenas um entre vários equívocos na teologia das letras evangélicas.
O que dizer sobre as pregações em diversas igrejas do nosso país? É lastimável o despreparo bíblico-teológico daqueles que são responsáveis por alimentar o rebanho de Deus aqui na terra. A influência secular nas pregações é sutil, porém não menos nociva a integralidade das Escrituras. As mensagens parecem que foram tiradas dos livros campeões de venda das editoras de autoajuda e não da Palavra de Deus. Geralmente, são sermões recheados de psicologia humanista que giram sempre em torno do homem e de suas potencialidades. O cerne de cada sermão é a promoção humana e sua capacidade de solucionar todos os males da vida com sua própria capacidade e inteligência. Afinal, dizem os pregadores: você é mais que vencedor.
Fico a pensar no apóstolo Paulo que ouviu do Senhor: “a minha graça te basta” no famoso episódio do espinho na carne. Percebo que tem faltado nos cristãos contemporâneos esta maturidade e humildade de saber calar-se diante de Deus mesmo que nossa oração não tenha sido respondida a contento. As igrejas estão doentes porque as pessoas estão doentes também e principalmente os seus líderes. Entretanto, não é por causa do evangelho de Jesus, e sim por causa daquilo que se tem feito com o evangelho. Tem-nos sido oferecido um evangelho genérico, domesticado e reducionista em muitas igrejas. A consequência disto é que temos gerado cristãos imaturos, vazios de significados e de existencialidade.
Por isso, o apóstolo Paulo nos diz que: “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (1Co 1.18). Nestes tipos de sermões, somos conduzidos como crianças o tempo todo e nunca somos desafiados a crescer na fé cristã. Ficamos sempre no leite espiritual e não avançamos para o mais sólido, porque não temos estrutura para ouvirmos a repreensão, correção, exortação do Senhor, já que estamos tão acostumados a termos nossos egos massageados por mensagens psicologizadas. No texto citado o apóstolo Paulo nos mostra que muitos da igreja de Corinto estavam equivocados por estarem superestimando quem lhes anunciava o evangelho do que o próprio evangelho. Erro que se repete frequentemente atualmente.
Os ilusionistas da fé se espalham aos borbotões nas igrejas e se proliferam rapidamente por onde eles passam. Eles são como vírus que contaminam todo o corpo e depois de nos tirarem toda imunidade eles nos matam. Os ufanistas se orgulham de dizer que o evangelho cresce em nosso país. Mas qual evangelho, eu lhes pergunto? A cada domingo vemos várias pessoas em busca de um “deus” que mais se parece com um analgésico. Ele só serve para aliviar as dores e estresses do cotidiano de seus seguidores, pois assim que termina o efeito do “remédio” tudo volta ao que era antes.
Se não nos voltarmos para o autor e consumador de nossa fé, que é Jesus e a sua Palavra, temo em afirmar que dias piores virão e que continuaremos com nossas igrejas cheias de pessoas vazias em seu sentido de viver. Pois só encontraremos vida se, de fato, entendermos que estamos mortos em nossos pecados e que somente Jesus pode nos oferecer uma vida plena e satisfatória.
Pr. Marco Antônio Carvalho
 
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