Política, um tema proibido
Lamentavelmente tenho que escrever alguns fatos negativos que estão acontecendo em nosso meio, que devem ser vistos como desafios, porém, no final, posso, com alegria, citar também fatos bons.
No dia 27 de outubro, véspera das eleições do segundo turno, participei de uma atividade da Associação Centro das Igrejas Batistas. Fui com um adesivo colado no bolso da camisa. Não demorou muito, já veio um dos líderes, solicitando que tirasse o tal adesivo.
Preciso explicar, antes de terminar o fato, que eu não estava cometendo nenhum ilícito, pois é uma manifestação individual e silenciosa, permitido pela legislação eleitoral, podendo até comparecer assim à urna para votar.
Eu até expliquei isso para o líder, mas que estaria disposto a tirá-lo, desde que todos assim o desejassem.
Eu estava com a máquina fotográfica, como de costume, e fui tirar algumas fotos do público presente. Nessa ocasião, o presidente da mesa me solicita, lamentavelmente, que eu tirasse o adesivo. Falei que se houvesse consenso eu o tiraria. Ele disse: “Os favoráveis digam Amém”, mas não pediu aos que desejavam que eu permanecesse com o material, viciando, assim a eleição.
Antes de tirar o adesivo, ainda exclamei: Viva a alienação!
Então, vejam os caros leitores, em vez de apoiar a participação, o interesse, a livre manifestação, se expulsa um tema tão importante do nosso meio.
Em vez de valorizar a política, anda-se no sentido contrário. Digo isso, pois Deus instituiu o Governo para reger a sociedade, pois não é possível viver em sociedade sem Governo. Por isso, o povo, os nossos pastores, os nossos líderes precisam se conscientizar do valor da política. Também precisamos saber que todos somos políticos; não temos como fugir disso, pois é algo inerente ao ser humano.
Outra coisa que precisamos saber é que o Governo deve ser um instrumento nas mãos de Deus para o nosso bem, para o bem da sociedade. É isso que o apóstolo Paulo diz aos cristãos romanos (Rm 13.3,4), ao mencionar “que a autoridade é ministro de Deus para o teu bem”.
Agora, raciocine comigo, será que as autoridades, o governo, vai servir a Deus, se for exercida por gente que não teme a Deus? Que nem sequer conhece bem a Deus? Por isso, mais do que nunca, pessoas cristãs, preparadas, conscientes, que amam o próximo, que temem e servem a Deus, devem estar à frente de cargos públicos.
E sendo assim, devemos contribuir, ao máximo, para que isso se concretize, e não na base da alienação, do preconceito, do tabu, da ojeriza, do desprezo, da indiferença. Entendo até que é hora de discutirmos isso em nossas assembleias, igrejas, pequenos grupos, e até eventos específicos para esse fim.
Reforço a ideia, pois há até pastores com posturas erradas. Veja esse exemplo: Um pastor reside há mais de cinco anos na Capital, mas ainda não transferiu seu título eleitoral. Pense comigo: Será que ele está interessado em contribuir no bem-estar da sociedade? Será que ele pode orientar os seus membros quanto ao exercício da cidadania? Outro pastor falou que “não iria votar, pois o estavam obrigando a votar”. Ora, eu nunca quero saber se há uma lei que me coloca a eleição como um dever, pois eu sempre quero votar, eu sempre quero exercer esse privilégio e responsabilidade.
Então, há ideias e posturas equivocadas, de quem jamais deveria agir assim, e isso é um desafio a ser vencido, com a devida instrução. Talvez até nossas instituições teológicas deveriam abordar mais o assunto, ou até ter uma disciplina específica quanto ao tema, a fim de passar de proibido para querido.
Ainda acrescento que, à noite, daquele sábado (27.10), fui à posse de um pastor. No pátio, ao puxar o assunto da eleição do dia seguinte, logo alguém chamou a atenção de que não era um lugar propício para discutir isso. Pode? Quem será que contaminou esses leigos com os quais estava falando?
Repito aqui que o tema proibido, ou seja, a política, deve ser revertido, sendo, portanto o nosso desafio, para que se use essa Ciência para expressar nosso amor a Deus e ao próximo, e se tire a ideia de que a política é algo nocivo e, portanto, a ser evitado.
Mas como eu disse no início do artigo, novos ventos estão começando a soprar (veja as sugestões do prof. Ivan no box abaixo), sinalizando mudanças nesse quadro tenebroso.
Ainda falando no e-mail do prof. Ivan, eu e o pastor Sérgio Nogueira já estamos mantendo os primeiros contatos (veja artigo à página 09), visando atender as sugestões contidas no e-mail.
Para finalizar, acrescento que há muitos equívocos da parte de nossos líderes que se manifestam, obviamente, nos liderados. Pude ver isso até nos pouquíssimos adesivos vistos nos carros dos membros das nossas igrejas (vou, por causa da distribuição do jornal, e ultimamente, também por causa da campanha eleitoral, às igrejas), o que demonstra um quase que total desinteresse, ou preconceito.
E já que vimos que política é algo bom, sintamo-nos motivados a participar, demonstrando nosso amor a Deus e ao próximo, elegendo pessoas cristãs, ou seja, do nosso meio (Dt 17.14-20), além de abrir espaço para o assunto, ou seja, já discutindo as eleições de 2014, entre outros temas ligados à vida pública.
Pr. Carlos Trapp, Presidente do Grupo Evangélico de Ação Política – Geap
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